sábado, 4 de julho de 2009

PEDAGOGIA: A QUALIDADE NA EDUCAÇÃO DEPENDE DE NÓS

Diante da importância do estágio, é que precisamos compreender alguns assuntos que estão diretamente ligados ao ambiente escolar. Iniciaremos, portanto, buscando elucidações sobre as políticas públicas educacionais, que nada mais são do que diretrizes, programas, leis ou projetos através dos quais os governos implementam, regulam ou modificam determinada ação na área educacional (2006, internet).
As políticas públicas em educação no Brasil nem sempre percorreram o mesmo caminho ao longo da nossa história, considerando que o sistema político no país sempre oscilava entre um período de ditadura e um de democracia. Atualmente, temos como lei principal da educação a LDB 9394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que norteia todo o processo pedagógico, que está em vigor desde dezembro de 1996.
Mas, essa lei já sofreu diversas alterações, como modificações de alguns artigos, implementação de novos artigos, para que a educação se adéqüe e acompanhe as mudanças contemporâneas. As escolas públicas e privadas devem seguir o que está escrito nos termos das leis da educação, e este é um dos objetivos deste estágio, observar como a escola põe em prática o que está previsto na lei.
Considerando que a escola é um espaço antropológico, chamado de espaço do saber, ou seja, um espaço próprio do mundo humano, que depende de técnicas, significações, de linguagem, cultura, representações das emoções e que nele ocorre à troca de conhecimentos (2000, p. 129 e 130).
Percebemos que por ser o homem um ser complexo e por entender que apesar das semelhanças, existem as diversidades, é que a escola precisa escolher uma maneira de fazer com que sua prática educativa seja libertadora e não opressora. Segundo Bourdieu (2006, p. 83), a escola não é neutra, ela considera como capital cultural, ou seja, o conhecimento e as referências culturais, apenas o que vem da classe dominante e acaba por cometer uma violência simbólica, à medida que a sua prática pedagógica impõe uma cultura sem levar em conta a cultura do educando. A reflexão acerca da prática educativa foi feita por Comênio, considerado o pai da Didática moderna. Para esse autor (Revista Nova Escola, 2006, p.13) “a prática escolar deveria imitar os processos da natureza”, em outras palavras, deveriam ser consideradas as possibilidades e interesses do aluno, o tempo e a organização do currículo também devem levar em conta os limites do corpo e as necessidades do aluno e do professor.
Diante de tantos problemas que envolvem a educação no Brasil, é necessário que a gestão escolar seja democrática e consciente do seu papel na condução de um bom trabalho à frente da instituição escolar. Existem várias definições de poder, dentre elas pode-se dizer que o poder é a capacidade de interferir na atividade do grupo, porém, o poder pode ser exercido por todos, segundo Foucault (Revista Nova Escola, 2006, p. 59). Este poder a que ele se refere, seria o micro poder, ou seja, a capacidade individual de convencimento.
Então, para esse autor, o poder não é oriundo apenas do Estado, ele é focal, considerando que todos têm esse micro poder que é capaz de promover grandes mudanças. Esta análise sobre o poder é importante para que possamos compreender como a gestão escolar precisa se posicionar, e de como o professor pode exercer esse micro poder com os seus alunos, fazendo com que esse poder de convencimento promova grandes mudanças nesta sociedade e para as gerações futuras.
Percebemos que a experiência conta muito na prática de qualquer atividade, e não seria diferente com o curso de Pedagogia. Com certeza, o aprendizado é bem mais significativo quando alternamos teoria e prática, por isso a necessidade e importância do estágio para a formação do pedagogo.
É nesta experiência de estágio que o graduando poderá desenvolver suas competências e assim aplicar toda a teoria que adquiriu ao longo do curso. Além de possibilitar o contato com a realidade escolar, seus problemas e os desafios propostos para que se alcance uma educação de qualidade.

“Então, educamos e somos educados. Ao compartilharmos, no dia-a-dia do ensinar e do aprender, idéias, percepções, sentimentos, gestos, atitudes e modos de ação, sempre ressignificados e reelaborados em cada um, vamos internalizando conhecimentos, habilidades, experiências, valores, rumo a um agir crítico-reflexivo, autônomo, criativo e eficaz, solidário. Tudo em nome do direito à vida e à dignidade de todo o ser humano, do reconhecimento das subjetividades, das identidades culturais, da riqueza de uma vida em comum, da justiça e da igualdade social. Talvez possa ser esse um dos modos de fazer PEDAGOGIA.
José Carlos Libâneo

O currículo e a diversidade humana

Para entender como as práticas curriculares podem valorizar a diversidade humana na formação, principalmente no nível da educação fundamental, é necessário compreender o que é currículo, além de compreender um pouco da diversidade humana.
O currículo pode ser definido de algumas maneiras como: um plano de estudos, ou como um documento onde se expressa e se organiza a formação, ou mesmo como “um artefato comprometido com os ideários científicos e administrativos do início do século XX”. (MACEDO, 2007, p. 35).
Segundo o psicólogo espanhol Cesar Coll, “o currículo é um instrumento que deve levar em conta as diversas possibilidades de aprendizagem não só no que concerne à seleção de metas e conteúdos, mas também na maneira de planejar as atividades”. (COLL, 2008, p. 32).
Portanto, analisando essas definições, principalmente na fala de Coll, percebemos o quanto é importante levar em conta não só as possibilidades de aprendizagem, mas também a diversidade humana. E, sobre diversidade humana podemos chamar também de biodiversidade. Quanto ao ponto de vista cultural, pode se dizer que é a construção histórica, cultural e social das diferenças.
As práticas curriculares podem de fato ser instrumentos de valorização da diversidade humana quando todos os envolvidos no processo educacional, desde os docentes, os discentes e até as instâncias maiores como as secretarias participam do mesmo de forma consciente exercendo a sua cidadania.
A valorização da diversidade humana perpassa também ao que chamaremos de diferenciação curricular, ou seja, um processo em que a escola “se organiza, estruturada em vias curriculares diferentes e de prestigio socialmente diverso, destinado a públicos com destinos sociais assumidamente estratificados”. (ROLDÃO, 2003, p. 43). Este mesmo tema já foi visto como gerador de discriminação social, e mais adiante é que a diferenciação curricular passou a ser vista como redentora, ou seja, diretamente ligada à prática docente, de maneira que se dê visibilidade à importância do aprendente. (ROLDÃO, 2003, p. 45).
O que percebemos nessa discussão sobre diferenciação curricular explicitado pela autora é que além de considerar as práticas pedagógicas, deve-se pensar também o que é ensinar, e como ensinar, buscando desta maneira observar a realidade do aprendente (aluno) para se construir um currículo que promova a inclusão de todos, visto que a educação é um direito de todos.
É necessário que, percebendo a diversidade humana, se dê reconhecimento aos saberes de cada povo, fazendo com isso a incorporação desses saberes no currículo. Para Silva, as marcas da diversidade devem se fazer presentes no currículo,
as narrativas contidas no currículo, explícita ou implicitamente, corporificam noções particulares sobre conhecimento, sobre formas de organização da sociedade, sobre os diferentes grupos sociais. Elas dizem qual conhecimento é legitimo e qual é ilegítimo, quais formas de conhecer são validas e quais não o são, o que é certo e o que é errado, o que é moral e o que é imoral, o que é bom e o que é mau, o que é belo e o que é feio, quais vozes são autorizadas e quais não o são. (1995, p.195).
Segundo (Roldão apud, Niza, 2000), a diferenciação curricular aproxima-se da diferenciação pedagógica, ou seja, esta se caracteriza por práticas que valorizem a diversidade dos percursos dos aprendentes, principalmente no que diz respeito à organização do processo de ensino e aprendizagem.
O currículo que busca a valorização da diversidade humana deve levar em conta diversos aspectos como: que conhecimentos são importantes, o tempo e o espaço de aprendizagem do aluno, sua cultura e os saberes construídos pelo grupo da qual ele faz parte, a formação de sua identidade e, acima de tudo este currículo deve posicionar-se contra toda e qualquer forma de exclusão e discriminação.
Percebe-se que algumas práticas curriculares já vêm buscando a valorização da diversidade à medida que gestores e professores comprometidos têm se esforçado na luta contra a discriminação e a exclusão, e até mesmo pelas instâncias maiores como as Secretarias, em que citamos como exemplo a implantação da disciplina sobre a cultura afro-brasileira e indígena nos currículos da rede regular do ensino fundamental.
Em suma, muito vem se fazendo para a valorização da diversidade humana na formação, porém, ainda há muito que fazer, precisamos descruzar os braços e lutar para que a escola “para todos” seja de fato concretizada.