segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Análise do filme: A língua das mariposas

O filme retrata a história de um menino que acaba de chegar à escola e tem uma relação muito boa com seu professor. Mas, depois da Guerra Civil Espanhola, em que o professor e seu pai se envolveram, ele se viu obrigado a mudar sua relação com o professor, o que para ele foi muito doloroso e triste.

A cultura é tudo que é produzido pelo homem. São suas crenças, valores, costumes, herdados dos antepassados. Em se tratando de algo que herdamos, devemos perceber como o indivíduo é influenciado por ela para que possamos entender as diferenças que existem nas diversas sociedades. Pois, esta pode exercer um poder de coerção sobre o indivíduo, contudo, este também pode tornar-se um elemento fundamental de transformação da sociedade. E era assim que se comportava Dom Gregório, o professor, como um agente de mudança, na medida em que, contrariando ao método de ensino utilizado na década de 1930, ele conseguia aplicar um método revolucionário de ensino. Ele utilizava aulas extra-classe, promovia uma relação entre o conteúdo e a prática, permitindo ao aluno experienciar esses conteúdos.

Por outro lado, também deixava transparecer a sua ideologia. O fato de ser um republicano e acreditar no comunismo fazia com que ele não agradasse a muitos, como a família de alguns alunos. Mas isso não o impedia de propagar o que acreditava. A ideologia segundo Marx é um conjunto de idéias, concepções, regras que obriga os homens a agirem de maneira que pensam estarem agindo conforme a sua vontade, mas na verdade estão agindo conforme os interesses da classe dominante. Nota-se que o professor acreditava em uma contra-ideologia, oposta a da classe dominante.

No que se refere à educação podemos notar alguns pontos relevantes neste filme, principalmente quando se observa à luz da Sociologia da Educação, relacionando-os com pensadores como Comte, Durkheim e Marx. Dentre estes pontos citaremos a importância de perceber como um fato social, que segundo Durkheim são maneiras de agir que exercem uma coerção sobre o comportamento das pessoas, e observamos isto na forma como as pessoas trataram os que apoiavam a república quando ocorreu a Guerra Civil Espanhola, principalmente o menino Moncho que venerava o professor e foi obrigado a repudiá-lo. Para Durkheim a educação é um processo de socialização e existe uma para cada época histórica, por isso não é bom que as idéias sejam ultrapassadas nem muito a frente do seu tempo, como acontecia com o professor que tinha idéias bem adiantadas para a sua época.

O positivismo de Comte tinha como opositores os marxistas, os comunistas, a igreja católica, dentre outros. Não podemos nos referir à educação da época, mas sim ao professor como alguém que apesar de ser comunista agia conforme as idéias de Comte, que considerava o ser humano como um todo e que deveria ser atendido em todas as áreas: afetiva, intelectual e prática, individual e coletiva.

Finalmente, para Marx a educação é um elemento de inculcação de uma ideologia, ela pode ser libertadora, e também ser opressora e mantenedora de ideologia dominante, que quer continuar com a divisão injusta do trabalho. Porém, para que ela seja libertadora, é necessário tirá-la da influência da classe dominante. Neste ínterim é que percebemos a luta do professor e dos comunistas, para tentar mudar a educação e a história política daquele país.

Ficou claro, portanto a importância da educação, que deve visar acima de tudo à formação de cidadãos, e que proporcione a conquista da liberdade.

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