terça-feira, 9 de dezembro de 2008

A infância e a ludicidade

Hoje conhecemos uma definição de infância que delimita esta fase da vida num certo período de tempo, mas nem sempre foi assim. Segundo o dicionário Soares Amora (1999, p. 387), a “infância é o período de crescimento que vai do nascimento à puberdade”. E, de acordo com Phillipe Àries (1973), a infância é um período de ingenuidade e fragilidade do ser humano, que para se desenvolver, deve receber incentivos para a sua felicidade.

Porém, na Idade Média a infância era compreendida como uma fase que ia do nascimento até os sete anos (período em que os processos lingüísticos não estão completamente desenvolvidos). Até o século XII, a infância não era reconhecida, as crianças eram tratadas como adultos em miniatura. Contudo, segundo Àries (1973), o sentimento em relação a esta fase da vida mudou a partir do século XIII, com a ajuda da iconografia, que passou a utilizar imagens de crianças em pinturas, igrejas, túmulos, etc.

Pensando sobre a infância, a pedagogia considera como indispensável à prática da ludicidade nesta fase tão importante. Vejamos então o que vem a ser o lúdico. É tudo que é relativo a jogo, brinquedo. Entretanto, este conceito evoluiu e hoje se entende como lúdico, a atividade humana que tem como objetivo principal o divertimento, é algo espontâneo e satisfatório.

Por entender que é na infância que começa a se formar o caráter do homem, é que a pedagogia reforça a idéia de que o lúdico esteja a todo o momento fazendo parte da vida da criança, e desta forma a aprendizagem será prazerosa. Em se tratando de um período em que a criança está sendo socializada, entra neste processo a escola, considerada por Durkheim como um espaço de socialização secundária.

Todavia, a escola pode se caracterizar por ser um espaço não neutro, de acordo com Bourdieu (2006), e também por se configurar como legitimadora e reprodutora das desigualdades sociais.

Principalmente na educação infantil, é que a escola deveria como propunha Bourdieu, não considerar como cultura a ser aceita por todos, o que já trazem consigo as crianças vindas da classe dominante, mas sim, partirem do zero, visto que há uma enorme diferença entre as culturas dos dois grupos.

É preciso que a escola deixe de considerar como capital cultural apenas o que vem dos filhos da elite e pare de tentar inculcar como legítima essa cultura nos filhos das casses desfavorecidas. E o mais importante: esta escola que aí está, exerce a todo instante o que Bourdieu (2006) chamou de violência simbólica, ou seja, a imposição de algumas idéias sobre outras, fazendo com que, além de perderem sua própria cultura familiar, as classes dominadas reconheçam como superior e legítima a cultura imposta pela classe dominante.

De acordo com as docentes entrevistadas, a infância é uma das fases mais importante na vida do homem, em que acontece o desenvolvimento cognitivo, psicológico, físico etc. E nesta fase, a criança passa por etapas que necessitam ser respeitadas para que esse desenvolvimento seja satisfatório e contribua para a formação do individuo. Segundo elas, a escola trabalha essa questão do lúdico de maneira que a infância pode ser vivenciada pelos alunos. Foi informado que a instituição, através de seus docentes, utiliza o lúdico com poesias, músicas, contos, filmes, desenhos, colagem, pinturas, dramatizações, jogos e brinquedos, e com a ajuda da informática, buscando com isso explorar as potencialidades de cada um, permitindo que a infância seja uma fase tão prazerosa, ao mesmo tempo em que este processo também contribui para a socialização da criança no grupo.

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